Veterinário é acusado de ferir e operar animais sem necessidade em São Paulo
Proprietário da clínica Mestre Vet, Lucas Berger foi indiciado neste mês por suposto abuso de animais, fraudes em exames e estelionato
O veterinário Lucas Berger, de 40 anos, é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por abuso de animais e estelionato. Natural de Guararema, na região metropolitana, o profissional de saúde é o proprietário da clínica Mestre Vet, em Santana, na zona norte da capital paulista.
O inquérito foi aberto neste mês, após denúncias de testemunhas — funcionárias do estabelecimento. Entre as acusações, que englobam maus-tratos, estão supostas fraudes em exames e até cirurgias invasivas sem necessidade, além de falta de pagamento a empregados.
Cirurgias forjadas e fraudes em exames
Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), maus-tratos podem ser omissões que provocam dor ou sofrimento desnecessários aos animais. Abuso diz respeito a qualquer ato intencional que implique o uso indevido e excessivo de bichos causando prejuízos físicos ou psicológicos.
No boletim de ocorrência, obtido pelo Metrópoles, as testemunhas dão fortes relatos de supostas atrocidades cometidas pelo veterinário com animais pacientes. Segundo elas, Lucas Berger realiza coletas sanguíneas de bichos que não são encaminhadas para análise laboratorial. Ele teria afirmado a tutores que o consultório fornece laboratório próprio, mas, de acordo com funcionários, as máquinas nunca foram usadas.
Entre as provas apresentadas, estão prints de conversas de WhatsApp e várias fotos, tantos de animais em situação de maus-tratos quanto de seringas e frascos com sangue que foram descartados em caixas de papelão, sem seguir critérios sanitários adequados.
À Polícia Civil, as informantes também disseram que Berger emite resultados falsos de exames e replica resultados para indicar falsos diagnósticos de patologias dos bichos. Entre os serviços cobrados e não realizados, com maior frequência, estão: quimioterapias, ultrassom, transfusões de sangue e aplicação de vacinas diversas.
“Os tutores pagam por exames que não foram realizados, despesas com remédios com patologias que não foram devidamente constatadas, expondo os animais de estimação a procedimentos que não necessitam e internações sem recomendação médica, desta forma, são colocados em situações que envolvem procedimentos invasivos e dolorosos sem necessidade, com a finalidade de obter vantagem financeira indevida”, destaca o B.O.
Em outro exemplo, a responsável por um cão deu entrada na clínica com uma possível torção gástrica, mas sem avisar a tutora, Berger o levou para o centro cirúrgico e percebeu que o bicho já estava sem vida. “Lucas, em tom ameaçador, proibiu a declarante de informar o óbito à tutora naquele momento, com a finalidade de fingir que havia de fato realizado a cirurgia e receber pelo serviço, então costurou novamente o cão já sem vida e o manteve lá até a manhã seguinte, quando só então informou o óbito que teria ocorrido após a cirurgia”, aponta o relato.
Fonte: Metropoles.com