Polícia Civil investiga mortes de cachorros em Belo Horizonte; laudo preliminar aponta intoxicação por etilenoglicol
Foto: Reprodução TV globo
Ao menos oito cães tiveram problemas depois de ingerir o petiscos caninos de uma mesma marca; três deles morreram.
Por Carlos Eduardo Alvim, TV Globo — Belo Horizonte
A perícia da Polícia Civil de Minas Gerais analisa amostras de petiscos caninos, após tutores de pelo menos oito cães, todos de raças de pequeno porte, denunciarem que os animais começaram a passar mal depois de ingerir o produto. O caso é apurado pela instituição.
Segundo a Polícia Civil, em Belo Horizonte, já são três mortes e cinco casos de internação denunciados, sendo uma delas, inclusive com sequelas. Nessa terça-feira (30), uma tutora de São Paulo procurou a delegacia em Minas, informando que o pet dela havia morrido após ter ingerido o mesmo produto.
“Além dos cuidados necessários e imediatos com os animais, é importante procurar a delegacia responsável para registrar a ocorrência, tendo o produto”, esclarece a delegada Danúbia Quadros, destacando que já existe um laudo preliminar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indicando intoxicação por etilenoglicol.
“Agora, a gente aguarda o laudo definitivo, e o material que está na UFMG também vai ser periciado pela Polícia Civil, bem como os produtos que os tutores trouxeram também estão sendo analisados”, explica.
Delegada Danúbia apura o caso — Foto: TV Globo / Reprodução
A Polícia Civil apura intoxicação em dois petiscos: Dental Care e Every Day, ambos produzidos prla empresa Bassar.
De acordo com o laudo preliminar da UFMG de um dos animais que morreu e passou por exame de necropsia, “o cão apresentava lesões renais graves, associadas a alterações clínicas e metabólicas que causaram a morte. Por se tratar de um animal pequeno, o relatório aponta intoxicação por etilenoglicol”.
Os exames foram solicitadas pela advogada Silvia Valamiel, que representa duas tutoras. Segundo ela, o objetivo é descobrir o que provocou o problema.
“Uma veterinária nefrologista levantou a hipótese que esse tipo de contaminação, normalmente, é causada por substâncias específicas, que são o dietilenoglicol, propilenoglicol, etilenoglicol ou melanina, e eram compatíveis com os sintomas dos cachorros”, disse Valamiel.
A advogada disse que as tutoras foram até o pacote de petiscos e viram a substâncias e que, talvez, o alimento pode ter uma quantidade inadequada de propilenoglicol que pudesse ter levado os pets a óbito.
Investigação
O laudo feito pelos veterinários da UFMG vai ser considerado na apuração das mortes. A Polícia Civil, inclusive, já notificou a empresa responsável pela produção dos petiscos que o caso está sendo investigado. Como a fábrica fica sediada em São Paulo, uma carta precatória convocando os representantes para prestarem esclarecimentos já foi expedida.
A empresa vai ter que informar detalhes do processo de fabricação e os produtos usados. A polícia apura a possível intoxicação em dois produtos da mesma marca.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), segundo a polícia, “já foi cientificado do caso e está investigando e analisando a possível retirada de todos esses produtos do território nacional”.
A TV Globo procurou a empresa Bassar, fabricante dos petiscos, que informou que nunca utilizou etilenoglicol na fabricação dos produtos. Assim que ficou sabendo dos fatos recolheu o lote para testes.
A Bassar disse também que autoridades sanitárias fizeram inspeção na fábrica e atestaram que não há contaminação na linha de produção. O Ministério da Agricultura confirmou que recebeu denúncia e que o caso está em investigação.
O grupo Petz, onde os tutores compraram os petiscos, informou que retirou voluntariamente os produtos das lojas e notificou a fabricante.
Atualização
Veja a nota emitida pela Polícia Civil na noite desta quarta-feira (31) na íntegra:
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou Inquérito Policial, em Belo Horizonte, para apurar denúncias sobre a morte de três cães e a internação de outros cinco, após terem consumido petiscos. No curso da investigação, a PCMG tomou conhecimento de mais um caso ocorrido no estado de São Paulo.
A empresa responsável pela fabricação dos petiscos será intimada e ouvida por meio de Carta Precatória. A Polícia Civil já realizou oitivas de tutores, veterinários e de um representante de estabelecimento comercial e tem realizado levantamentos em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A Polícia Civil aguarda a conclusão de laudos periciais para identificar a substância que possivelmente causou a morte dos animais e orienta, ainda, que caso haja outros casos as pessoas procurem a Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, onde tramita o procedimento investigativo.
A unidade policial está situada na Rua Martim de Carvalho, 94 – andar térreo, bairro Santo Agostinho. Tão logo os laudos sejam finalizados e as apurações avancem, a imprensa será comunicada.”
Fonte:https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/08/31/policia-civil-investiga-mortes-de-cachorros-em-belo-horizonte-laudo-preliminar-aponta-intoxicacao-por-etilenoglicol.ghtml