De acordo com a delegada Danúbia Quadros, responsável pelo caso, a Polícia Civil de Minas recebeu relatos de mortes de cachorros após o consumo dos petiscos suspeitos em outros oito estados, além do Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Alagoas, Sergipe e Goiás.
Na cidade de São Paulo, ao menos seis cachorros morreram com insuficiência renal após terem os ingerido petiscos, segundo relatos de tutores.
“Tutores desses estados entraram em contato conosco relatando as mortes dos bichinhos que ingeriram esses petiscos. A Polícia Civil de Minas Gerais vai apurar os casos aqui ocorridos. Nos demais estados, é necessário que o tutor procure a delegacia local para o registro da ocorrência e para instauração do respectivo inquérito policial”, afirmou Danúbia.
Três marcas de petiscos são investigadas por suspeita de contaminação por monoetilenoglicol: Dental Care, Every Day e Petz Snack Cuidado Oral. Todos são de fabricação da empresa Bassar. Nesta sexta-feira, o Ministério da Agricultura determinou o recolhimento nacional de todos os lotes de produtos da empresa e a interdição da fábrica, em Guarulhos (SP).
O monoetilenoglicol foi uma das substâncias identificadas na contaminação das cervejas da Backer, em 2020. Dez pessoas morreram.
“O etilenoglicol não é esperado de se encontrar em nenhum tipo de alimento, nem para animais nem para humanos (…) É um composto classicamente nefrotóxico, que causa danos renais, levando à insuficiência, que é exatamente um dos sintomas verificados nos animais acometidos por essa intoxicação”, disse a perita criminal Renata Fontes Prado.
Segundo ela, outros petiscos ainda estão sendo analisados, e as investigações precisam avançar para descobrir como a substância contaminou os petiscos.
Os sintomas de intoxicação mais comuns nos cães são convulsão, diarreia, vômito e prostração.
“É importante, após o consumo desses produtos, se o cachorrinho apresentar esses sintomas, além dos cuidados necessários relacionados à saúde, procurar imediatamente a delegacia responsável, levar o produto e, no caso de morte, disponibilizar o corpinho do cachorrinho para ser necropsiado”, afirmou a delegada Danúbia Quadros.
Ela informou, ainda, que há possibilidade de responsabilização criminal dos fabricantes. O crime que está sendo apurado é o de venda de produto impróprio para o consumo. A pena máxima prevista é de cinco anos de reclusão.
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O que diz a Bassar
“A Bassar Pet Food informa que decidiu interromper a produção de sua fábrica até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação de pets envolvendo lotes de seus produtos. A empresa também está contratando uma empresa especializada para fazer uma inspeção detalhada de todos os processos de produção e do maquinário em sua fábrica, em São Paulo.
De modo preventivo, a companhia já estava recolhendo os lotes de duas linhas de alimentos, mas procederá agora ao recolhimento de todos os produtos da empresa nacionalmente, conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento.
A Bassar esclarece que ainda não teve acesso ao laudo produzido pela Polícia Civil de Minas Gerais, mas está colaborando totalmente com as autoridades desde o início dos relatos sobre os casos. A empresa enviou amostras de produtos para institutos de referência nacional para atestar a segurança e conformidade de seus produtos sob investigação.
Além disso, acionou todos os seus fornecedores para que façam o rastreamento dos insumos utilizados para afastarem a hipótese de algum tipo de contaminação.
A empresa está solidária com todos os tutores de pets – nossos consumidores e razão de nossa empresa existir. Somos os maiores interessados no esclarecimento do caso. Por isso, a empresa vem tomando todas as providências para investigação dos fatos. Os consumidores podem tirar dúvidas pelo e-mail [email protected].”
Fonte:https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/09/02/policia-civil-de-mg-identifica-monoetilenoglicol-em-petisco-para-caes-ha-mortes-suspeitas-em-pelo-menos-9-estados-e-no-df.ghtml