II Encontro de Coordenadores do CRMV-SP é marcado pela assinatura da “Carta São Paulo” pela qualidade da educação - Vetsapiens

II Encontro de Coordenadores do CRMV-SP é marcado pela assinatura da “Carta São Paulo” pela qualidade da educação

10 de maio de 2023

Evento contou com a participação de representantes de 52 instituições de ensino superior, de conselhos regionais de outros estados e de associações de classe, assim como do presidente do CFMV

Realizado no dia 28/04, na capital paulista, o II Encontro de Coordenadores de Cursos de Medicina Veterinária, organizado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), por meio de sua Comissão Técnica de Educação, reuniu 72 participantes, entre os quais coordenadores de 52 instituições de ensino superior (IES), representantes de conselhos regionais de outros estados e de associações de classe.

O evento foi marcado pela entrega simbólica da “Carta de São Paulo em Apoio ao CFMV”, que recolheu assinaturas dos participantes das IES e das associações de classe, ao presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Francisco Cavalcanti de Almeida.

A Carta é um manifesto pela qualidade do ensino da Medicina Veterinária no País e presta apoio ao CFMV em sua jornada contra a abertura indiscriminada de novos cursos de graduação e a temerária autorização da modalidade EaD.

“Elaborado com muito respeito, este documento mostra que São Paulo é contra o EaD integral, em apoio total ao CFMV. Queremos mostrar à sociedade e ao Ministério da Educação (MEC) nossa preocupação com a qualidade do ensino da Medicina Veterinária”, enfatizou Fábio Manhoso, presidente da Comissão Técnica de Educação do CRMV-SP, vice-presidente do Regional e coordenador de curso na Universidade de Marília.

Emocionado, o presidente do CFMV, parabenizou o Regional paulista pela atitude. “Fui surpreendido com essa carta de apoio, agradeço pela iniciativa voluntária, toda adesão é bem-vinda. Temos ido ao Congresso Nacional, frequentemente, e conseguido apoio de deputados e senadores. O que não queremos é 100% EaD, pois isso é banalizar a Medicina Veterinária e um risco para a sociedade”, ressaltou Cavalcanti.

Participação nacional

Marcaram presença no Encontro, representantes de regionais, como a presidente do CRMV-PA, Nazaré Fonseca de Souza; o presidente do CRMV-PR, Rodrigo Távora Mira; a presidente do CRMV-ES, Virgínia Teixeira do Carmo Emerich; a presidente do CRMV-PE, Maria Elisa de Almeida Araújo; o vice-presidente do CRMV-MT, Aruaque Lotufo Ferraz de Oliveira; o vice-presidente do CRMV-RJ, Diogo Alves da Conceição; o membro da Comissão Estadual de Educação do CRMV-CE, Carlos Henrique Souza Melo; e a integrante da Comissão Estadual de Ensino da Medicina Veterinária do CRMV-ES, Thaiz de Deco Souza.

Entidades de classe também marcaram presença. Entre os presentes estiveram a presidente da Federação das Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo (Feveresp), Maria Cristina Santos Reiter Timponi; representando a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa-SP), Daniel Jarrouge; a delegada sindical do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), Gisele Leite Camargo; a embaixadora da Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários, Letícia Bello; o presidente da Associação Nacional dos Médicos Veterinários (ANMV), Marcio Mota; e o presidente da Associação Brasileira de Gestão Técnica Médica Veterinária (ABGT Vet), Sergio Lobato.

Sistema de Certificação

Na abertura do Encontro, ao lado da tesoureira Rosemary Viola Bosch, e do secretário-geral, Fernando Gomes Buchala, o presidente do CRMV-SP, Odemilson Donizete Mossero, deu as boas-vindas aos participantes e falou da dedicação da Comissão de Educação e da importância do trabalho desenvolvido para a qualidade do ensino e a formação de profissionais de qualidade. “A 1ª edição foi um sucesso, fruto do trabalho dessa comissão que está constantemente discutindo e propondo temas. Queremos que nossos professores estejam cada vez mais qualificados, pois eles são referência para o aluno, sua palavra tem um peso enorme na formação dos novos profissionais”, afirmou Mossero.

“Feliz Dia da Educação! Educação é a grande ferramenta que temos para melhorar a Medicina Veterinária e a Zootecnia. Estamos aqui para trocar experiências”, enfatizou Manhoso, que, durante o Encontro, lançou o Sistema de Certificação de Cursos de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, que busca incentivar a melhoria permanente da formação em Medicina Veterinária, necessária para a promoção e desenvolvimento da educação e da profissão.

Ensino Contemporâneo e sua relação ética

A primeira palestra do II Encontro de Coordenadores foi apresentada pelo consultor e antropólogo Luiz Marins, que abordou a sociedade dinâmica atual que está em busca de novos caminhos, mostrando a evolução do ser humano ao longo da história. “A única certeza é a de que tudo vai mudar. A tradição oral deu lugar a visual e, atualmente, os valores visuais são levados ao extremo”, explicou.

Quando o assunto é a tecnologia, Marins lembrou da aceleração da história que aconteceu a partir do surgimento da fotografia e do telefone. “O homem muda toda vez que uma nova tecnologia surge. São criados novos homens, as tecnologias são extensões do ser humano. Estamos na era digital, mas temos os nativos digitais, que são os que nasceram com um mouse na mão, e nós que somos imigrantes digitais, por isso, temos que nos adaptar.”

O consultor destacou, ainda, que a Inteligência Artificial (IA) veio para ficar, e sua chave é fazer a pergunta certa. “A escola deve voltar-se a educar e ensinar o aluno a aprender. No caso da formação de médicos-veterinários, é preciso garantir que tenham todas as habilidades para lidar com as necessidades de uma sociedade em transformação. Garantir formação abrangente para lidar com o mercado de trabalho. E o desafio dos coordenadores é manter o currículo atualizado de forma que o aluno possa comunicar o que de fato aprendeu”, salienta Marins.

Demografia médico-veterinária do Brasil precisa ser controlada

O consultor ad hoc da Comissão de Ensino do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk, apresentou números da Demografia da Medicina Veterinária do Brasil (2022), pesquisa sobre o perfil dos médicos-veterinários atuantes no Brasil.

“São Paulo tem ¼ dos médicos-veterinários do País. Paraná e São Paulo juntos têm 37,8% dos profissionais brasileiros. O estado de São Paulo é nucleador, o que emana daqui influencia o ambiente. As escolas paulistas são melhores que muitas dos EUA”, afirmou Wouk, ressaltando que é preocupante, entretanto, o número de graduados que não estão inscritos no Sistema CFMV/CRMVs.

O consultor lembrou, ainda, que na França, a Ordem dos Médicos-veterinários, órgão equivalente ao CFMV aqui no Brasil, tem a prerrogativa de junto ao Ministério da Agricultura, responsável pelos cursos de Medicina Veterinária franceses, discutir a abertura de vagas nas faculdades ano a ano, o que garante a qualidade do ensino. “É preciso mudar a relação do Sistema CFMV/CRMVs com o Ministério da Educação (MEC), precisamos que o CFMV seja determinante nas discussões e decisões relacionadas ao ensino da Medicina Veterinária e Zootecnia no País”, destaca Wouk.

Avaliação externa e rankings acadêmicos na educação superior

Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Adolfo-Ignácio Calderón abriu sua palestra dizendo que os rankings acadêmicos exercem um fascínio porque dão uma chancela de qualidade à instituição.

“Avaliar não é somente mensurar, quem está sendo avaliado tem de ter consciência dos critérios e a transparência deve permear todo o processo de avaliação”, explicou Calderón.

O professor ressaltou também que não há consenso para a definição de qualidade, por isso é preciso deixar claro o objetivo de quem está avaliando. “Os rankings têm limitações, não conseguem avaliar o quanto agregamos na formação do aluno. O objetivo da avaliação deve ser melhorar o serviço oferecido e não expor as fragilidades. Cada ranking estabelece seus parâmetros, o objetivo deve ser avaliar para aprimorar”, enfatizou Calderón, que parabenizou o Sistema de Certificação do CRMV-SP.

“É um grande passo do CRMV-SP em prol da melhoria da qualidade do ensino no Estado, principalmente, por criar mecanismos para que os cursos tenham elementos que possibilitem a autoavaliação e o aprimoramento”, finalizou.

Ser professor nos contextos humanos

A palestra que encerrou o Encontro ficou a cargo da assessora pedagógica do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus Botucatu, Eliana Cordeiro Curvelo, que iniciou sua apresentação lembrando que o professor vai envelhecendo e os alunos têm sempre a mesma idade, por isso é preciso pensar em como se comunicar e ser professor nos dias atuais. “Não é a razão que nos leva à ação, mas a emoção. É preciso trazer esse conceito para a Medicina Veterinária. O médico humano cuida do ser humano, o médico-veterinário cuida da nossa humanidade.”

Eliana lembra que depois da pandemia de Covid-19, é preciso estar preparado para muitas outras pandemias e que no mundo há cerca de 800 milhões de pessoas que não tem o que comer. “É preciso refletir em como estamos tratando com generosidade o ser humano. O planeta está com fome e vocês, médicos-veterinários, tem que refletir nesse contexto.”

“Precisamos dos cinco sentidos para aprender, o professor não passa conhecimento, mas informação. Precisamos ensinar o aluno a pensar e a estudar. O limite é trabalhar com respeito, é perguntar o que o aluno precisa para aprender, porque antes de ensinar, precisamos conhecer o aluno”, concluiu a assessoria pedagógica.

A voz dos coordenadores

Presentes pela segunda vez no Encontro, coordenadores destacaram a satisfação de participar de um evento tão relevante para o ensino da Medicina Veterinária. Para Everton Lopes, coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário UniAnchieta, de Jundiaí, o evento enriquece o conhecimento de todos envolvidos e “mostra a grande preocupação do Conselho com a educação do médico-veterinário no Brasil, trazendo questões sobre a qualidade do ensino, a importância da formação dos nossos profissionais, e demonstra o interesse em participar junto às universidades dessa formação.”

Rogério Martins Amorim, coordenador do curso de Medicina Veterinária da Unesp-Botucatu, considera o evento, atualmente, um dos mais importantes para discutir o ensino da Medicina Veterinária no estado de São Paulo e o grande número de escolas veterinárias que existem no País. “É um seminário muito rico, aqui temos a oportunidade de trocar experiências com outros coordenadores de curso e planejar os novos desafios da Medicina Veterinária no Brasil.”

Rana Rached, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), parabenizou o Conselho pela ação. “O evento vai muito além de palestras e conversas, tem sido uma troca importante para os coordenadores de curso de Medicina Veterinária do Estado, que nos enriquece muito.”

Fonte: CRMV-SP

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