Ibama identifica cerca de 100 transações irregulares entre criadores de pássaros amadores em Alagoas e São Paulo
Brasília (24/01/2020) – Agentes do Ibama identificaram esquema de fraudes no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (SisPass) após inspeções em criadouros nos municípios de Guarulhos (SP) e Maceió (AL). De acordo com a investigação, foram realizadas cerca de 100 transações irregulares entre os estados de São Paulo e Alagoas. Trinta aves foram apreendidas e encaminhadas a Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) para reabilitação e soltura.
Em todos os estabelecimentos foram identificadas irregularidades relacionadas ao uso de anilhas, peças disponibilizadas pelos órgãos ambientais para a identificação de aves nascidas em cativeiro. Muitos animais estavam sem identificação, o que evidencia captura ilegal em ambiente silvestre.
Os investigados declaravam nascimentos fictícios para obter anilhas que dessem aparência de legalidade aos animais obtidos de forma criminosa. Em um dos casos mais surpreendentes apurados pelos agentes ambientais havia duas anilhas associadas a uma ave. A peça original estava estocada no Ibama em São Paulo, enquanto a falsificada serviria para anilhar um coleirinho retirado da natureza em Alagoas.
“Há uma lista com quase 300 criadores que podem estar cometendo fraudes somente no estado de São Paulo e, em parceria com os órgãos de fiscalização do estado e dos municípios, pretendemos vistoriar todos e reduzir os impactos ao meio ambiente com a retirada de animais da natureza”, disse o superintendente do Ibama em São Paulo, Davi Sousa. “O sistema existe para que possa espelhar a realidade. Sabemos que muitos criadores trabalham dentro da legalidade, com as informações corretas, mas há uma grande parcela que insere informações falsas ou enganosas, e isso é crime previsto na Lei de Crimes Ambientais”, explicou.
Somente nos dois últimos meses, o Ibama bloqueou e multou cerca de 40 criadores amadoristas na região metropolitana de São Paulo por diversas irregularidades.
De acordo com o chefe da Divisão Técnico-Ambiental do Ibama em Alagoas, Rivaldo Júnior, as espécies mais retiradas da natureza são o trinca-ferro e o coleiro. A pressão do tráfico sobre esses animais exige a adoção de medidas de controle mais rigorosas pelo Ibama, especialmente em relação a crimes interestaduais.