COVID-19: imunidade pode durar anos, segundo novo e complexo estudo

Para os pesquisadores especializados em COVID-19, a imunidade ainda é uma das grandes questões que envolve o coronavírus SARS-CoV-2. Agora, o maior estudo já realizado sobre o tema aponta que as defesas do organismo contra o vírus da COVID-19 permanecem robustas por até oito meses depois da infecção. Somente em seguida é que essa proteção começa a declinar, mas de forma lenta, de acordo com análise feita por pesquisadores de diferentes institutos norte-americanos.
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“Esta quantidade de memória [imunológica contra o coronavírus] provavelmente evitará, durante muitos anos, que a grande maioria das pessoas sofra um caso da COVID-19 grave que exija hospitalização”, afirma um dos principais autores da pesquisa, o médico e imunologista norte-americano Shane Crotty, para o jornal The New York Times.
“As pessoas estavam começando a dizer que os anticorpos desapareciam, que as defesas não durariam tanto, que seria preciso revacinar. Pois parece que não. O lógico é que a resposta dure e proteja”, comenta Marcos López Hoyos, presidente da Sociedade Espanhola de Imunologia, para o jornal El País.
Embora animadores, os resultados sobre a imunidade de pacientes que se recuperaram da COVID-19 ainda são preliminares. O estudo foi publicado na plataforma bioRxiv, mas ainda aguarda revisão de outros pesquisadores.
Estudo sobre imunidade da COVID-19
Até o momento, a maioria dos estudos sobre imunidade avaliavam a presença de anticorpos contra a COVID-19 e, de certa forma, era esperado que o número deles reduzissem ao longo das semanas de recuperação. De maneira inédita, o estudo avaliou os quatro principais componentes da memória imunológica contra o coronavírus: os anticorpos neutralizantes (proteínas que se unem ao coronavírus e o inutilizam); os linfócitos B (fábricas de anticorpos); e dois tipos linfócitos T (responsáveis por destruir as células já contaminadas).
Para isso, foram investigadas amostras de 185 pacientes nos EUA, com idades entre 19 e 81 anos. Depois de cinco meses de acompanhamento, 90% dos pacientes ainda apresentavam pelo menos três componentes dessa memória imunológica contra o coronavírus. Com essa análise, é possível pressupor que a proteção pós-infecção “poderia durar anos”, aponta Hoyos.
Após infecções de outros coronavírus, os pesquisadores já observavam a capacidade do organismo em oferecer uma resposta imune duradoura. Entre eles, está o vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS), que surgiu na China em 2020.