Corpos estranhos ósseos em esôfago e estômago - Vetsapiens

Corpos estranhos ósseos em esôfago e estômago de animais: como proceder?

10 de janeiro de 2024
Corpos estranhos ósseos em esôfago e estômago de animais

Corpos estranhos ósseos em esôfago e estômago de animais são relativamente comuns na rotina clínica, podendo inclusive serem achados acidentais. Mas o que podemos fazer? Quanto podemos aguardar? Qual o procedimento indicado? Intervenção cirúrgica? Endoscopia? Indução do vômito? Podemos apenas monitorar o paciente?

Corpos estranhos ósseos potencialmente podem lesionar a mucosa esofágica e gástrica, podendo resultar em esofagites, ulcerações e perfurações. No entanto, a capacidade de digestibilidade na presença deste material no estômago pode fazer com que a conduta seja simplificada.

Corpos estranhos ósseos no esôfago:

A presença de corpos estranhos em esôfago de animais deve ser considerada urgência, havendo ou não obstrução total.  Predominantemente se alojam no esôfago distal (caudal à base do coração) podendo também ficar aprisionados no esôfago proximal (da orofaringe à entrada do tórax) e médio (entre a entrada do tórax e a carina). Os sinais clínicos incluem engasgos, regurgitação, vômitos, inapetência, tosse, dificuldade respiratória, dificuldade para engolir, ptialismo e espirros reversos.

A principal recomendação é a remoção por endoscopia, e se não for bem-sucedida, a progressão do material ósseo pode ser feita até o estômago. Caso não se tenha sucesso na remoção por via oral, ou na progressão para o estômago, a esofagotomia é indicada,

As complicações secundárias do corpo estranho esofágico podem incluir fístulas e estenoses, que são consideradas situações críticas. É sempre importante mencionar tais complicações podem ser decorrentes do procedimento cirúrgico, mas também do próprio traumatismo da mucosa esofágica pela presença do corpo estranho. Ainda assim, a taxa de sucesso com a remoção endoscópica é bem elevada.

Corpos estranhos ósseos em estômago:

Estes casos podem surgir decorrentes de ingestão pelo paciente, mas também não é incomum identificarmos fragmentos ósseos em cavidade gástrica incidentalmente, ao se fazerem outras investigações. Ainda, a remoção via endoscópio pode falhar, sendo necessário o deslocamento do corpo estranho para o estômago.

Existe alguma discussão sobre intervir, seja por endoscopia, seja por gastrotomia, ou fazer expectativa.  Embora a presença de sinais clínicos como vômito, inapetência e distensão abdominal sejam relevantes e possam indicar a remoção corpos estranhos ósseos, sabe-se que em alguns dias há a diminuição de tamanho e desaparecimento por digestão dos fragmentos ósseos, ainda que de tamanho considerável.

É importante diferenciar claramente se não há estruturas sintéticas, mas de modo geral é relativamente simples identificar corpos estranhos ósseos em estômago por meio de radiografias simples. As complicações associadas a corpos estranhos ósseos em cavidade gástrica são incomuns, podendo sim a expectativa ser uma opção a ser considerada.

Por Cláudia Inglez

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