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Cientistas brasileiros desenvolvem método de castração sem cirurgia

4 de abril de 2022
NoticiaCastracao quimica

No procedimento, que dura 20 minutos, o animal é sedado e recebe uma injeção de partículas minúsculas de óxido de ferro nos testículos

A castração é uma medida de saúde pública, considerada uma das principais formas de controle populacional de cães e gatos. A medida reduz os índices de reprodução, abandono e a transmissão de doenças entre os animais.

Com o objetivo de reduzir o número de animais nas ruas e promover o acesso às ações de castração, cientistas da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um método de castração rápido e não cirúrgico para cães e gatos.

Os estudos foram conduzidos pelas pesquisadoras Vanessa Nicolau de Lima, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, e Juliana Lis Mendes de Brito, pós-doutoranda pelo mesmo programa, com o apoio da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

No procedimento, exclusivo para machos, o animal é sedado e recebe uma injeção de partículas minúsculas de óxido de ferro nos testículos. A seguir, a esterilização pode ser feita pela aplicação de um campo magnético (magnetohipertermia) ou de uma luz de LED (fotohipertermia). Nos dois procedimentos, a temperatura chega ao cerca de 45 graus e não causa queimaduras nos animais.

No caso da magnetohipertermia, o campo magnético externo é aplicado na região dos testículos e as nanopartículas injetadas geram calor apenas no local da aplicação. O procedimento de fotohipertermia, por sua vez, consiste na utilização de um LED infravermelho para que as nanopartículas transformem a luz em calor e promovam a esterilização.

Segundo Juliana, o procedimento dura 20 minutos e faz com que o testículo atrofie. “Acompanhamos 13 animais e chegamos ao final do experimento com um animal que tinha resquícios de um tecido, que a gente julga que seria testículo, mas ele já não era nada funcional”, explica Juliana em comunicado.

Problema de saúde pública

Segundo a pesquisadora Vanessa de Lima, um único casal de gatos pode gerar cerca de 50 mil filhotes em 10 anos, incluindo descendentes diretos e indiretos.

“O contingente de cães e gatos que vivem nas ruas é um desafio para gestores públicos. É um problema de saúde pública. Essa pesquisa abre a possibilidade de ser aplicada como política pública”, afirma.

Embora as castrações cirúrgicas cumpram um papel essencial no controle populacional de cães e gatos, os procedimentos nem sempre são suficientes ou acessíveis para a alta demanda das grandes cidades. Segundo as especialistas, o projeto poderá contribuir para reduzir os impactos para a saúde pública.

A técnica da magnetohipertermia aplicada à castração de animais, coordenada pela professora Carolina Madeira Lucci, do Programa de Pós-graduação em Biologia Animal, foi patenteada em 2020.

Reunião de diferentes conhecimentos

O desenvolvimento do novo método de castração foi possível a partir da interdisciplinaridade, reunindo conhecimentos das áreas de biologia e física. O professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás (UFG) Andris Bakuzis fornece as nanopartículas de óxido de ferro para o estudo.

Segundo Bakuzis, o custo de produção das nanopartículas é baixo e a dose utilizada por animal é pequena. “Você não precisa de uma quantidade muito grande, isso é bom porque diminui o potencial de toxicidade da substância, já que a quantidade que você coloca realmente é mínima”, afirma o professor em comunicado.

Do Instituto de Física da UnB vieram os equipamentos de fotohipertermia para o projeto, a partir da colaboração do professor Paulo Eduardo Souza.

(Com informações da Secom UnB e da CCS/Capes)

Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/saude/cientistas-brasileiros-desenvolvem-metodo-de-castracao-sem-cirurgia/

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