BLOG – Você conhece todos os sintomas que podem estar associados às parasitoses intestinais?
Existem diversos parasitas intestinais que podem afetar cães e gatos, mas será que eles só causam diarreia, só causam sintomas gastrointestinais?
Muitos podem causar ouros sintomas e por isso precisamos ficar atentos para essas possibilidades em nossos diagnósticos diferenciais.
Dentre os ancilostomídeos mais comuns, temos o Ancylostoma caninum, o A. braziliense, a Uncinaria stenocephala (cães) e o A. tubaeforme (gatos).
Os sinais clínicos da infecção por ancilostomíase podem incluir anemia, melena e sangue oculto nas fezes, mas também pode ocasionar choque e morte em filhotes não tratados, com infecções graves.
Também podemos ver sintomas como tosse, secreção nasal, febre e sinais característicos de pneumonia quando ocorre a migração larval através dos pulmões.
No caso dos ascarídeos como o Toxocara canis e Toxocara cati os sintomas podem ser bem variados.
Nesse caso, quando as larvas infectantes penetram na mucosa intestinal; entram no sistema portal hepático; migram para os pulmões, traquéia e faringe; onde são deglutidas e completam seu desenvolvimento no trato gastrointestinal.
E quando cães e gatos são infectados pela ingestão de hospedeiros paratênicos (roedores, coelhos, animais de fazenda etc) a rota da migração traqueal acima mencionada não ocorre; em vez disso, as larvas ingeridas desenvolvem-se completamente dentro do trato GI.
Muitas infecções menores, são geralmente subclínicas e alguns animais jovens podem apresentar distensão abdominal, diarreia intermitente e espessamento das alças intestinais.
Pode ocorrer óbito em animais jovens com infecções graves, como resultado de possíveis danos hepáticos e pulmonares causados pela migração de uma grande quantidade de larvas. A pneumonia associada à migração de vermes em filhotes infectados no período pré-natal pode ser uma das principais causas de mortalidade em alguns locais.
Embora a pneumonia seja mínima na infecção por T cati, a migração desse nematóide produz uma lesão hipertrófica medial das arteríolas pulmonares que também é produzida quando os gatos são infectados por Dirofilaria immitis e Aelurostrongylus abstrusus.
Já em relação a infestação por Trichuris vulpis, uma vez que os ovos são ingeridos pelo hospedeiro, o desenvolvimento para vermes adultos é limitado ao intestino, sem migração larval para fora do intestino.
Cães infectados com tricurídeos podem permanecer livres de sinais clínicos; entretanto, infecções graves podem causar episódios de diarreia (às vezes com sangue) alternados com períodos de fezes normais.
No caso da Giardia spp, uma vez ingeridos os cistos, a excistação resulta no surgimento de trofozoítos e na fixação às células epiteliais do intestino delgado, causando potencialmente inflamação e produção de muco. Isso pode levar a uma enterite mal digestiva ou disabsortiva. Os trofozoítos geralmente formam cistos que infectam o próximo hospedeiro e são eliminados nas fezes. No entanto, os hospedeiros podem se autoinfectar ao ingerir cistos eliminados enquanto limpam a área perineal. Os sinais de infecção por Giardia spp podem ser subclínicos, agudos ou crônicos. Cães e gatos podem apresentar fezes claras, pastosas e com mau cheiro, além de vômitos. A diarreia pode começar 5 dias após a exposição.
E no caso da Coccidiose, causada por Cystoisospora canis, C. ohioensis, C. burrowsi e C. neorivolta em cães e C. felis e C. rivolta em gatos, os esporozoítos, que constituem o estágio infeccioso, estão contidos em oocistos esporulados no ambiente. Uma vez que o hospedeiro ingere o esporozoíto, ele excisa do oocisto esporulado e invade as células epiteliais intestinais, onde pode escapar da resposta imune do hospedeiro. Várias rodadas de reprodução sexuada e assexuada culminam com a produção de oocistos. Mudanças patológicas ocorrem quando os estágios de desenvolvimento emergem das células epiteliais do hospedeiro. Isto resulta em bactérias gastrointestinais colonizando o enterócito rompido.
Os coccídios entéricos são muito específicos do hospedeiro. Cães e gatos são capazes de ingerir oocistos de outras espécies hospedeiras (outras Cystoisospora spp ou Eimeria spp). Contudo, estes coccídios simplesmente passam através do animal e não têm significado clínico; nenhum tratamento é necessário.
A diarreia crônica é o principal achado na coccidiose clínica. A maioria dos casos clínicos ocorre em filhotes de cães e gatos que passam por um fator estressante, como desmame, mudança de lar ou doença concomitante.
Portanto temos que pensar que cães e gatos infectados por parasitas intestinais podem apresentar sintomas que vão além dos sintomas relacionados ao trato gastrointestinal.