BLOG – Viu algo, faça algo: por que esperar? Aspire®
Voce ja ouviu falar no slogan dessa campanha? – “Viu algo, faça algo: por que esperar? Aspire®” (See Something, Do Something: Why wait? Aspirate!)
Esse é o slogan de uma campanha lançada há muito anos por uma conceituada oncologista veterinária americana, Dr. Sue Ettinger, com intuito de promover a detecção precoce do câncer em cães e gatos.
Dr. Sue Ettinger, explica que um cão chamado Smokey, foi sua inspiração para ter lançado esse programa de conscientização sobre o câncer chamado “See Something, Do Something” em 2015.
“Na época, Smokey era um belo Pit Bull branco de 10 anos que pertencia a uma das minhas técnicas principais, Amanda. Eu amava os dois. Smokey era um daqueles cachorros incríveis e cheios de alma que espalham a luz do sol a cada abano do rabo. Todos que conheceram Smokey o amavam. Ele era o filho único da Amanda. Eu fiz citologia em mais de 10 nódulos cutâneos do Smokey ao longo dos anos, e as massas sempre foram lipomas gordurosos benignos. Quando Amanda mencionou que estava trazendo Smokey para verificar uma nova massa, nenhum de nós ficou preocupado. Na verdade, no primeiro dia em que Amanda trouxe Smokey, a clínica estava tão cheia que nao fizemos nenhum exame no Smokey. Presumimos que era apenas outro lipoma benigno. Ficamos acomodadas, pois todas as outras massas até então tinham sido benignas. Por que este seria diferente?”
A Dra. Sue conta que quando Smokey voltou na semana seguinte, examinou a massa de 7 cm que estava profundamente ligada ao tecido subjacente, na área de seu flanco esquerdo.
“Honestamente, não parecia um tumor maligno. Mas, ao aspirar para citologia, pude ver o sangue se acumulando em minha agulha e seringa. Eu soube imediatamente que não era um lipoma. Aspirei a massa em mais algumas áreas e enviamos as lâminas ao laboratório para exame citológico. Eu disse a Amanda que meu palpite clínico era ser desta vez um tumor maligno e lágrimas brotaram em seus olhos. Como profissionais veterinários, lidamos com o câncer em cães e gatos todos os dias, mas nada pode prepará-lo quando se trata de seu animal de estimação. Pude ver a mente de Amanda começar a se desligar ao mesmo tempo. Dei-lhe um grande abraço e esperamos ansiosamente durante a noite pelos resultados da citologia de Smokey”
Diagnóstico
A citologia voltou como sugestivo de um sarcoma de tecidos moles. Sarcomas de tecidos moles são neoplasias malignas que se desenvolvem em uma variedade de tecidos conjuntivos. Eles podem ser encontrados por todo o corpo, da cabeça ao tronco e até nas patas. A maioria desses tumores é bastante agressiva localmente. Eles também são propensos a voltarem, se não forem removidos com margens amplas.
A boa notícia é que as neoplasias categorizadas em graus mais baixos ou intermediários não são tão agressivas, não tem um prognóstico tao ruim, já que os sarcomas de tecidos moles normalmente não metastatizam. Os graus baixo e intermediário de sarcomas de tecidos moles são na maioria das vezes tratáveis, ou seja, a cirurgia pode ser curativa se a massa puder ser removida completamente. E obviamente isso é muito mais fácil de fazer se o encontrarmos quando a massa for menor.
Dr. Sue contou que para o Smokey, o próximo passo foi uma biópsia para confirmar o tipo de tumor e ajudar o cirurgião de tecidos moles a planejar adequadamente a cirurgia. Fizeram exames de sangue e urina e pediram radiografias de tórax e ultrassonografia abdominal para ter certeza de que não havia mestátases.
No dia da cirurgia, Smokey fez uma tomografia computadorizada para melhor ajudar no planejamento da cirurgia. O tumor de 7 cm de Smokey exigiu uma excisão bem grande, para obter-se margens seguras de pelo menos 3 cm, mas ela conta que tudo correu bem.
“Nós nos concentramos em sua recuperação e esperamos ansiosamente pelos resultados de sua biópsia. O laudo da biópsia confirmou uma ótima notícia: um hemangiopericitoma de baixo grau (grau 1) com margens amplas e limpas. Felizmente ele não precisou de mais tratamento – nenhuma radiação pós-operatória ou quimioterapia. Apenas recomendei monitoramento regular da cicatriz e radiografias torácicas periódicas”
Embora a cirurgia de Smokey tenha tido um final feliz, seu tumor maligno realmente chamou atenção de todos e fez a Dr. Sue pensar – “Se tivéssemos aspirado isso antes, quando a massa era menor, sua cirurgia teria sido mais simples. Como eu, uma oncologista, não percebi esse tumor? Havia diretrizes que eu havia esquecido? Peguei meus livros, diários e anotações sobre câncer de minha residência em oncologia médica. Não, não há diretrizes para veterinários ou donos de animais de estimação sobre quando fazer uma citologia aspirativa ou fazer biópsia de uma massa em um cão ou gato.
As recomendações na epoca indicavam fazer uma citologia aspirativa de forma bem genérica – “recomende se uma massa estiver mudando de tamanho ou aparência ou incomodando o paciente”.
Muitos de nós instruímos os tutores a ficarem de olho em qq alteração ou massa. Mas o que isso realmente significa? Recomendamos ficar de olho por quanto tempo? Quanto pode crescer antes de fazermos algo?
A Dr. Sue conta que ouvia com muita frequência de colegas- “aquela massa não parece maligna” , mas incomodava pensar que isso não era suficiente pois só de olhar não podemos saber sobre a malignidade de um tumor e pensava que quando os tumores crescem, o que poderia ter sido removido com uma cirurgia simples pode agora exigir uma cirurgia maior e, às vezes, mais tratamento, como radiação ou quimioterapia posteriormente. Pior ainda, o tumor pode ficar grande demais para ser removido ou tratado.
Por essa razão ela pensou que precisava fazer uma campanha de conscientização e orientação, para que todos ficassem mais alertas quando os tumores ainda estivessem pequenos, e com a contribuição de colegas especialistas, desenvolveu a campanha “See Something, Do Something” (Se ver algo, faça algo) e a dedicou ao Smokey:
> Se Ver Algo – Se um cão ou gato tem uma massa do tamanho de uma ervilha (1 cm) e está lá há um mês…
> Faça alguma coisa – vá a um veterinário e faça uma citologia por aspiração ou biópsia.
Dr. Sue quer alertar a todos, tutores e veterinários que a maioria dos tumores cutâneos e subcutâneos pode ser curada se diagnosticada precocemente quando as massas são pequenas, por isso prega que devemos encontrá-los mais cedo e diagnóstica-los quando forem pequenos.
Dr. Sue Ettinger, é chefe do Departamento de Oncologia do Animal Specialty Center em Yonkers, Nova York. Também conhecida como Dra. Sue Cancer Vet no Facebook e no Twitter, ela é coautora do livro The Dog Cancer Survival Guide, 2ª edição, e co-apresentadora do The Pet Cancer Vet, um programa de rádio na Internet no radiopetlady.com. Junte-se a campanha “See Something, Do Something” em #whywaitaspirate.
fonte: https://www.dvm360.com/view/see-something-do-something-why-wait-aspirate