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BLOG – Quais são as indicações e os riscos na transfusão de plasma em cães

18 de maio de 2022

O plasma fresco congelado (PFC) é o hemoderivado mais comumente usado para tratar coagulopatias que causam sangramentos graves na prática veterinária, pois ele contém todos os fatores de coagulação.

E seu uso é bastante recomendado para tratar hemorragias causada por coagulopatias adquiridas, como doença hepática e intoxicação por rodenticidas, bem como nas coagulopatias hereditárias

O uso de PFC (com ou sem heparina) no manejo da coagulação intravascular disseminada (CID) ainda permanece controverso; pois não há estudos que documentem quaisquer efeitos benéficos definitivos.

De forma similar, não há evidências de seu uso para ajudar na pancreatite aguda (na substituir das alfa-macroglobulinas) ou no manejo da parvovirose, quando realizada no intuito de fornecer imunoglobulinas anti-parvo denter outras.

O plasma fresco congelado (PFC) é comumente utilizado para corrigir as hipoproteinemias, mas seu efeito sobre a pressão oncótica é minimo, naqueles casos onde houve perda de proteínas por nefropatias ou enteropatias. Importante observar que já existe nos EUA uma albumina canina liofilizada, mas essa ainda não chegou no mercado brasileiro.

Quais são os riscos da transfusão de plasma em cães?

Um estudo retrospectivo* publicado em 2021 examinou registros de 170 cães que receberam plasma canino e seus derivados (ou seja, plasma fresco congelado, plasma congelado, crioprecipitado) durante um período de 2 anos para descrever a incidência de reações transfusionais e se essas  foram mais frequentes quando foram usados ​​produtos não compatíveis com o tipo sanguíneo.

Neste estudo, foi incluído 140 cães que tinham realizado tipagem sanguínea e que receberam 350 diferentes produtos derivados de plasma. Os tipos de transfusão avaliados incluíam plasma fresco congelado (n = 73), plasma congelado (n = 263) e crioprecipitado (n = 14). Os motivos da administração variavam e incluíram: necessidade de solução colóide de suporte, hipoproteinemia, coagulopatia, sepse, sangramento interno, trauma, dilatação-volvo gástrico e sangramento incontrolável da mucosa.

Reações transfusionais foram documentadas em apenas 16 cães, incluindo reação de hipersensibilidade aguda (como edema facial, prurido, vômito), reação febril não hemolítica e suspeita de sobrecarga cardíaca associada ao volume da transfusão. A maioria das reações foi leve e apenas um paciente necessitou de interrupção da transfusão.

Os autores concluíram que a administração de plasma e seus sub-produtos em cães é geralmente segura e saber a tipagem sanguínea pode ser desnecessário.

Informações importantes sobre a transfusão de plasma:

  1. Os produtos de plasma incluem plasma fresco congelado, plasma congelado e crioprecipitado. O plasma fresco congelado é separado e congelado a -18°C (-0,4°F) dentro de 8 horas após a coleta, podendo ser armazenado por até 1 ano e contém todas as proteínas hemostáticas, albumina, imunoglobulinas e inibidores de protease. O plasma fresco pode ser congelado por até 5 anos se for congelado a determinada temperatura, mas neste caso os fatores de von Willebrand e os fatores V e VIII são perdidos. O crioprecipitado é preparado por um ciclo de congelamento, descongelamento e centrifugação para atingir uma alta concentração de fator de von Willebrand e fator VIII.

 

  1. Embora os produtos plasmáticos caninos pareçam seguros para administrar sem realizar a tipagem sanguínea e o teste de compatibilidade, os pacientes devem ser monitorados durante e após a transfusão. A maioria das reações ocorrem rapidamente, mas outras podem levar vários dias. Uma ficha de monitoramento de transfusão pode ajudar a avaliar os sinais vitais e observar sinais gastrointestinais, angioedema/urticária e alterações respiratórias, mentais ou comportamentais durante a administração. A administração deve começar sempre lentamente e se nenhuma reação imediata for observada, a velocidade pode ser aumentada gradualmente.

 

  1. Importante saber que as reações transfusionais são geralmente leves. Reações febris, não hemolíticas e alérgicas podem ser tratadas, e a transfusão pode ser continuada, mas a velocidade de administração pode precisar ser temporariamente interrompida ou diminuída. Se houver reações mais graves, pode ser necessário a descontinuação precoce da transfusão.

Referências:

Santo-Domingo NE, Lewis DH. Indications for use and complications associated with canine plasma products in 170 patients. J Vet Emerg Crit Care (San Antonio). 2021;31(2):263-268.
Transfusion Medicine–Do’s and Don’ts, World Small Animal Veterinary Association World Congress Proceedings, 2010, Urs Giger, DACVIM, DECVIM, DECVCP, Philadelphia, PA, USA

 

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