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BLOG – O Microbioma Intestinal e o paciente renal crônico

28 de março de 2024

A doença renal crônica (DRC) é a condição médica caracterizada pela perda progressiva da função renal.  A Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS) recomenda o estadiamento da doença com base na gravidade em Estágios de I à IV, a partir de marcadores de taxa de filtração glomerular (creatinina e dimetilarginina simétrica [SDMA]). Os estágios I e II são marcados pela fase inicial da disfunção renal e sinais subclínicos ou mínimos de doença renal. Entre os estágios II e III, já temos presente a azotemia e possivelmente outros sinais como poliúria/polidipsia, letargia, inapetência, vômitos e perda de peso e esses avançam à medida que a doença progride. Já no estágio IV, há retenção excessiva de produtos residuais e o aparecimento de sinais de síndrome urêmica (vômitos, diarreia, úlceras orais, depressão) ficam mais proeminentes com o avanço da doença.

A DRC é uma condição que acomete 1 a cada 3 gatos e 1 cada 10 cães, ocorrência essa que justifica constantes pesquisas. Atualmente, novas evidências demonstraram a relação entre a saúde do microbioma e a DRC, mesmo nas fases iniciais da doença.

O microbioma intestinal e os seus metabólitos têm sido alvos de investigação nos últimos anos, uma vez que podem fornecer informações importantes sobre a saúde do paciente. Por sua vez, a ingestão nutricional do paciente, bem como os problemas de saúde subjacentes, pode alterar o microbioma intestinal e/ou seus metabólitos. No caso da DRC, muitas toxinas urêmicas são produzidas pela microbiota intestinal. Assim, a abordagem nutricional para modificar os metabólitos produzidos pela microbiota intestinal pode ser um método promissor na diminuição dos efeitos e retardo da progressão da DRC.

Recentemente, um estudo avaliou os efeitos da alimentação com betaína e prebióticos (fruto-oligossacarídeos de cadeia curta [scFOS] e beta-glucano de aveia) em gatos com DRC e gatos saudáveis, e mostrou melhora na composição corporal e nos metabólitos plasmáticos nos gatos doentes.

Já está bem documentada a capacidade moduladora dos probióticos sobre o microbioma intestinal. Especificamente em pacientes humanos com DRC, os prebióticos favorecem o crescimento de bactérias sacarolíticas que produzem ácidos graxos de cadeia curta, que são benéficos para o hospedeiro. Concomitantemente, essas diminuem a proporção de bactérias proteolíticas produtoras de resíduos nitrogenados tóxicos, responsáveis pela diminuição da função renal.

A betaína é um aminoácido não essencial e que pode ser encontrado na beterraba, no espinafre e em grãos integrais, como quinoa, farelo de trigo, aveia, arroz integral e cevada. Este aminoácido é um doador de grupo metil para reações de metilação, um processo bioquímico essencial, e possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Além disso, a betaína exerce ação osmoprotetora nos rins, pois possui alta capacidade de se ligar a uma quantidade considerável de água e esta hidratação desempenha papel importante no seu efeito estabilizador das proteínas. Caso contrário, a desidratação celular resultaria na desnaturação das proteínas e na perda da atividade biológica das enzimas. Sabe-se que os níveis plasmáticos de betaína diminuem com a progressão da DRC, e neste estudo, observou-se níveis plasmáticos mais elevados de betaína tanto nos pacientes renais crônicos, quanto nos saudáveis, o que pode ser interessante no aumento da tolerância das células em condições desfavoráveis da doença.

Mas a descoberta mais significativa deste estudo envolvendo a betaína foi em relação à maior massa corporal em gatos com DRC. Este resultado foi observado em estudos anteriores com outras espécies animais, demonstrando que a betaína dietética aumenta o ganho médio diário e o peso corporal final. Na medicina humana, a melhora na composição corporal se apoia na hipótese de que a suplementação de betaína aumenta a síntese protéica e, portanto, melhora a composição corporal, reduzindo a homocisteína e a homocisteína tiolactona. Gatos com DRC quando consomem metionina em excesso e folato e betaína de forma inadequada, podem comprometer a transmetilação da homocisteína, resultando em excesso de tiolactona de homocisteína.

Ademais, neste mesmo trabalho, foram observados níveis mais elevados de docosahexaenóico (DHA) e no ácido eicosapentaenóico (EPA) plasmáticos, refletindo em maior incorporação nos reservatórios de lipídios, células e tecidos do sangue.

Assim, o alimento contendo betaína e probióticos parece minimizar o acúmulo de toxinas urêmicas, bem como aumentar as concentrações de DHA e EPA, amparando um envelhecimento mais saudável e um melhor grau de bem-estar nos gatos.

No Brasil, a introdução da betaína em alimentos secos para cães e gatos já é uma realidade. A Hill’s trouxe a Prescription Diet k/d com ActivBiome+ Kidney Defense. O alimento é recomendado para pacientes com DRC, a partir do estágio II, ou para estágio I caso o animal já esteja apresentando proteinúria. Além da tecnologia ActivBiome+ Kidney Defense, que ativa o microbioma intestinal para reduzir os resíduos nocivos; ela tem níveis de Fósforo e sódio reduzidos, é enriquecida com ácidos graxos ômega-3; além de níveis ideais de aminoácidos essenciais e proteínas de alta qualidade, que ajudam os cães a se manterem fortes. Outra característica importante dos alimentos secos k/d é que possuem uma tecnologia de aumento de apetite, chamada de tecnologia E.A.T (Tecnologia Enhanced Appetite Trigger), a qual foi desenvolvida de forma a atender as preferências dos animais com doença renal crônica, por meio da identificação de aromas-chave e sabores que estimulam a ingestão alimentar.

Para saber mais sobre esse alimento completo, leia https://www.hillsvet.com.br/pet-nutrition/renal

Palavras-chave: doença renal crônica, microbioma, betaína, aminoácidos, probióticos

Autores: Janaína Corrêa e equipe Vetsapiens.

Referências:

DOBRIJEVIĆ, D.; PASTOR, K.; NASTIĆ, N.; ÖZOGUL, F.; KRULJ, J.; KOKIĆ, B.; BARTKIENE, E.; ROCHA, J. M.; KOJIĆ, J. Betaine as a Functional Ingredient: Metabolism, Health-Promoting Attributes, Food Sources, Applications and Analysis Methods. Molecules, v. 28, n. 12, p. 4824, 17 jun. 2023.

EPHRAIM, E.; JEWELL, D. E. Betaine and Soluble Fiber Improve Body Composition and Plasma Metabolites in Cats with Chronic Kidney Disease. Frontiers in Bioscience-Elite, v. 15, n. 2, p. 8, 4 abr. 2023.

NEALON, N. J.; SUMMERS, S.; QUIMBY, J.; WINSTON, J. A. Untargeted metabolomic profiling of serum from client-owned cats with early and late-stage chronic kidney disease. Scientific Reports, v. 14, n. 1, p. 4755, 27 fev. 2024.

SUCHODOLSKI, J. S. Analysis of the gut microbiome in dogs and cats. Veterinary Clinical Pathology, v. 50, n. S1, p. 6–17, 12 fev. 2022.

IRIS Staging of CKD. http://www.iris-kidney.com/pdf/2_IRIS_Staging_of_CKD_2023.pdf.

https://www.hillspet.com.br/dog-food/pd-kd-canine-dry

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