BLOG – Descomplicando a TIVA
Por Dra. Sandra Mastrocinque
O que é TIVA?
TIVA (total intravenous anestesia) é técnica de anestesia geral usando combinação de agentes administrados somente por via intravenosa, para indução e manutenção do plano anestésico, com ausência total de anestésicos inalatórios. Há também a modalidade PIVA (partial intravenous anestesia), que associa a anestesia intravenosa, com a inalatória
E qual o conceito de anestesia geral?
Deve-se ter em mente que anestesia geral, não é simplesmente contenção química, e sim associar fármacos que possam proporcionar, além de inconsciência, analgesia, relaxamento muscular e amnésia.
Daí a importância de conhecer as características farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos agentes, sempre almejando a anestesia balanceada.
Quais as vantagens da TIVA?
As vantagens em realizar TIVA se resumem à não poluição ambiental, redução de náuseas e vômitos e a não dependência da via aérea, além de melhorar a auto regulação do fluxo sanguíneo cerebral, por exemplo em pacientes submetidos à craniotomia. Também não causa hipertermia maligna e tem menor índice de imunossupressão (caso seja conservativa no que tange aos opioides, que podem causar além de imunossupressão, hiperalgesia pós-operatória.
Existem desvantagens?
Atualmente, o custo elevado dos fármacos dificulta a realização da anestesia total intravenosa, além de requerer bombas de infusão, para administrar os agentes na taxa adequada, de acordo com peso e idade do paciente. Importante lembrar ainda, que os fármacos precisam ser metabolizados e pode haver recuperação prolongada se a função hepática for reduzida.
Quais as combinações de fármacos podem ser realizadas?
Propofol é o agente hipnótico mais empregado na TIVA em cães e gatos, pois, apresenta características farmacocinéticas muito apropriadas para infusão contínua, porém não promove analgesia, devendo ser associado com outras classes de agentes, como opioides. Dentre os opioides que se destacam, estão o fentanil e o remifentanil, sendo esse último de ultra curta duração de ação, não sendo necessário um bolus para obtenção de nível plasmático. Todas as outras classes exigem um bolus inicial e na sequência a infusão contínua para a manutenção da anestesia.
A lidocaína é anestésico local, mas em infusão contínua promove redução do volume de propofol utilizado, contribuindo para analgesia. Há muita controvérsia do emprego da lidocaína intravenosa em felinos, uma vez que o risco de cardiotoxidade e neurotoxidade são maiores nessa espécie.
Os alfa-2-agonistas, também auxiliam para a manutenção do plano anestésico, lembrando que esses agentes causam alterações cardiovasculares importantes. O fármaco dessa classe que vem sendo mais empregado é a dexmedetomidina, que pode ser antagonizada, ao término do procedimento, empregando-se o antagonista específico, o atipamezole
Benzodiazepínicos, como midazolam, auxiliam no relaxamento muscular e diminuição da taxa do hipnótico necessário para manter o plano de anestesia.
Cetamina, é um excelente adjuvante na TIVA, devendo ser emprega em doses subanestésicas, podendo proporcionar analgesia, além da prevenção de hiperalgesia e da cronificação da dor aguda .
Muito interessante é a associação da TIVA, com bloqueios anestésicos, os quais permitem menores taxas dos agentes injetáveis, proporcionado excelente analgesia.
Então é melhor que anestesia inalatória?
Na verdade, a melhor técnica é aquela que o anestesiologista emprega com segurança e domínio. Independente da modalidade, toda a anestesia tem que contar com suporte ventilatório, com monitoração e avaliação da nocicepção trans e da analgesia pós operatória.
Conheça a Dra Sandra Mastrocinque, colaboradora do Vetsapiens.
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