Voce conhece o recém criado Movimento LUTE VET?
O Movimento LUTE VET surgiu no inicio de setembro de 2024, após varias conversas entre duas colegas e médicas veterinárias, a Dra. Grazielli Messias e a Dra. Bruna Lima, que perceberam que muitos outros colegas estavam sofrendo os mesmos problemas enfrentados por elas devido às péssimas condições de trabalho na área veterinária, como longas e exaustivas jornadas de trabalho, remuneração muito abaixo do piso salarial estabelecido por lei e a completa carência de direitos trabalhistas.
Após essas conversas as duas tiveram a ideia de organizar um movimento que acolhesse os veterinários de todo o Brasil que estivessem passando pelos mesmos problemas e assim criaram o Movimento LUTE VET.
A primeira iniciativa foi criar um grupo no WhatsApp para conversarem com mais veterinários de todas as partes do Brasil, e para divulgarem ideias e para organizarem as pautas e as propostas de melhoria. Depois criaram paginas nas mídias sociais e formulários online de pesquisa, para conhecerem a realidade de colegas em varias regiões do Brasil.
O Movimento LUTE VET hoje conta com mais 1.000 veterinários no grupo de WhatsApp e mais de 2.000 seguidores na sua pagina do Instagram.
De acordo com suas organizadoras, até o momento, o movimento organizou as seguintes reivindicações:
- Regularizar e formalizar programas de estágio e de trainee, com remunerações e cargas horárias de trabalho bem definidas, bem como estabelecer um plano de aprendizagem, colaborando para o desenvolvimento do recém formado;
- Aumentar e definir um valor padrão da remuneração mínima dos plantões, para valorizar os profissionais e atrair os mais experientes;
- Definir um modelo padrão de contrato para os profissionais que atuam como Pessoa Jurídica (PJ), que, após negociação e assinatura, contemple as necessidades de vencimentos, de jornada de trabalho e de condições laborais desse grupo de profissionais;
- Divulgar entre os profissionais e estabelecimentos veterinários as normas de biossegurança no ambiente de trabalho, para evitar acidentes e prevenir o adoecimento dos profissionais;
- Formar um comitê permanente para recepcionar qualquer denúncia no âmbito da Medicina Veterinária e encaminhá-la ao Ministério Público do Trabalho (se o caso for trabalhista);
- Construir um projeto de lei que coíba a exploração trabalhista na Medicina Veterinária e proteja os profissionais.
O grupo em menos de um mês e cresceu em uma velocidade incrível, chegando a todos os estados brasileiros, demonstrando a insatisfação geral dos médicos veterinários em diversas regiões do país.
O próximo passo do Movimento LUTE VET será elaborar e encaminhar uma documentação para o Ministério Público do Trabalho relatando a atual situação da profissão veterinária no Brasil, com base nos dados gerados pelos formulários de pesquisa que foram disponibilizados pelo grupo.
De acordo com as respostas dadas no formulário sobre “condições de trabalho”, e pelas conversas geradas no grupo de WhatsApp durante esse 1º mês de atuação do movimento, as organizadoras levantaram as principais dificuldades enfrentadas hoje pelos veterinários no Brasil:
“Os médicos veterinários no Brasil enfrentam atualmente uma epidemia de transtornos psiquiátricos, como burnout, ansiedade e depressão. Uma grande parcela já tentou suicídio e infelizmente alguns cometeram. Se analisarmos criticamente, tudo isso tem relação com as péssimas condições de trabalho. Os profissionais são sobrecarregados com múltiplas funções que não fazem parte da rotina do médico veterinário, como limpeza e recepção.
Recebem cobranças excessivas pela perfeição, exercem jornadas exaustivas e absurdas de mais de 12 horas diárias, ficam sozinhos com muitos animais e não conseguem dar atenção para todos; a maioria não tem direito a férias; se sofrem acidentes, adoecem ou engravidam são demitidos sem nenhum direito, além de receberem remunerações vergonhosas.
Atualmente, a maioria dos nossos membros recebe entre 2 e 3 salários-mínimos em jornadas de mais de 12 horas diárias, valor muito diferente do estabelecido por lei de 6 salários-mínimos para 6 horas trabalhadas. Em relação ao adicional de insalubridade, mesmo correndo risco diário de sofrer acidentes com animais e/ou contrair doenças zoonóticas, quase nenhum médico veterinário recebe o valor e grande parte é demitida quando sofre algum acidente de trabalho.
Além disso, nos dias atuais, existe uma epidemia de processos judiciais contra médicos veterinários, mas sabemos que nenhum profissional adoecido consegue prestar bons atendimentos, se estudarmos mais a fundo, talvez uma grande parcela desses supostos erros podem estar associados à exaustão física e mental. Profissionais de saúde também precisam de cuidados e descanso!”
Aqui um relato pessoal de uma das organizadoras do movimento:
“Na época eu trabalhava em escala 12×36, recebendo um valor menor que um salário-mínimo, contratada como PJ e sem direitos trabalhistas. Em alguns dias cheguei a trabalhar por quase 20 horas seguidas e não recebi horas extras e nem folga compensatória. Tinha um chefe e recebia ordens, mas eu não poderia entregar um atestado médico se estivesse doente. Ao faltar era necessário colocar uma pessoa no meu lugar e eu deveria pagar o dia dessa pessoa. Ou seja, a relação claramente tinha vínculos trabalhistas que favoreciam o empregador e negava todas as minhas necessidades e demandas enquanto profissional. Notei os abusos e a exploração trabalhista quando comecei a estudar para concursos e ler sobre legislação trabalhista. A ficha caiu de que na medicina veterinária havia um processo cruel de dissolução de direitos fundamentais dos trabalhadores e que tudo era imposto sob uma perspectiva autoritária.Os veterinários eram obrigados a aceitar essas condições ou não trabalhariam no ramo.” – Dra. Grazielli
As organizadoras convidam a todos os veterinários a entrarem no grupo de WhatsApp e participarem das discussões e das próximas ações da luta por melhores direitos e deixam a seguinte mensagem:
“Nenhum direito trabalhista foi alcançado sem luta. Nós Médicos Veterinários somos profissionais intelectualizados que pertencem a classe trabalhadora, como todos os outros, e temos o direito de trabalhar de maneira digna e respeitosa. Para isso, precisamos nos unir, mostrar nossa força e a importância da profissão para a Saúde Única”
Quer conhecer mais o grupo e fazer parte das discussões, acesse:
https://www.linkedin.com/in/movimento-lute-vet-5974b9328/?originalSubdomain=br
https://www.instagram.com/movimentolutevet/
https://www.tiktok.com/@lute.vet
E-mail oficial do movimento – [email protected]
Para entrar no grupo do Whatsapp – https://tr.ee/ik8AiKcdhP