Inovações na Cirurgia Veterinária: Técnicas Avançadas para Melhores Resultados
Todas as áreas de medicina veterinária passam por evolução ao logo dos anos. E com a área cirúrgica não poderia ser diferente. Os mais recentes avanços tecnológicos permitem a realização de cirurgias mais complexas, em um menor tempo e com mais exatidão e acurácia.
Equipamentos, materiais sintéticos, impressoras 3D, aparelhos de imagem e novas técnicas avançadas estão dando aos cirurgiões novas oportunidades de intervenção cirúrgica, trazendo maior segurança e maiores taxas de sucesso. Conheça as principais inovações na cirurgia veterinária a seguir!
Gel hemostático
Recentemente vimos o lançamento do primeiro gel hemostático do mercado veterinário, que foi introduzido pela primeira vez no Reino Unido para cirurgias ortodônticas no início deste ano. Esse é um gel vegetal, fornecido em uma seringa que pode ser aplicado diretamente no local do sangramento, criando um selo mecânico inicial, que depois sustentará a formação de um tampão plaquetário. Ele é aplicado diretamente no local do sangramento, em intervenções como biópsias hepáticas, remoções de tumores, amputações e enucleações.
O Vetigel© não se destina a substituir as técnicas hemostáticas convencionais, mas foi projetado para cessar o sangramento onde a compressão ou outros métodos são ineficazes ou impraticáveis. E por ser um gel, pode se adaptar a uma ampla variedade de formatos de lesões, sendo uma forma rápida e eficaz de controlar o sangramento. Até o momento, não temos esse produto à venda no Brasil.
Impressoras 3D – modelos ortopédicos
Os procedimentos ortopédicos contam hoje com um grande aliado para o planejamento, treinamento e execução dos procedimentos cirúrgicos, que são os modelos 3D. A partir de dados de imagens de tomografia computadorizada, é feita uma reconstrução tridimensional, a qual pode ser materializada em impressoras de estereolitografia (SLA), originando modelos em resina. Em casos como má-união, deformidades angulares, neoplasias, podem ser impressos em resina e serem minuciosamente estudados nas mãos do cirurgião.
Entre as muitas vantagens da impressão destes modelos estão:
- A possibilidade de entender melhor a afecção em questão
- Poder demonstrar e explicar a situação aos tutores, facilitando a visualização com o modelo
- Facilitar um planejamento cirúrgico mais detalhado e próximo da realidade
- Construir guias customizados para inserção de implantes, aumentando a precisão e minimizando as falhas
- Propiciar oportunidades de testar e treinar o procedimento cirúrgico escolhido previamente, colaborando com a destreza e rapidez no momento do procedimento no paciente
A excisão de neoplasias intracranianas é extremamente complexa quando as formações estão localizadas profundamente no tecido nervoso. A visualização direta dos tumores durante o procedimento cirúrgico torna-se limitada às formações localizadas superficialmente, ou requerem maior manipulação e morbidade se mais profundamente. Ainda, a vibração e o calor gerado pelos aspiradores ultrassônicos também causam lesão aos tecidos adjacentes, além de poder disseminar células neoplásicas.
O NICO Myriad™ (Myriad; NICO Corporation, Indianápolis, Indiana) é um produto aprovado pelo FDA, em que um sistema de ressecção de tecido de sucção variável, não gerador de calor, pode ser usado em procedimentos abertos ou endoscópicos no sistema nervoso central. Ele é ligado a um sistema de neuronavegação (Brainsight 2 Vet; Rogue Research, Montreal, Quebec, Canadá) para orientação em uma tela para realização de biópsias ou excisão de massas cerebrais, usando uma abordagem aberta ou minimamente invasiva. O equipamento permite excisão segura de massas localizadas mais profundamente com muito mais eficiência e segurança. É útil também nas intervenções na coluna vertebral
Cirurgia robóticas
Atualmente alguns centros veterinários já estão utilizando robôs cirúrgicos, deixando as cirurgias muito mais segurança e precisas, com acessos e cicatrizes mínimas.
Em 2020, foi utilizado pela 1ª vez um Robô de uso médico, chamado daVinci Surgical System™ em uma Prostatectomia radical em um Bernese de 6 anos na Bélgica, realizada pelo Robô de 4 mãos e 6 trocartes laparoscópicos.
Sabemos que há pouco tempo, a cirurgia assistida por robótica era pouco conhecida e parecia cenário futurístico, mas hoje cada vez mais veterinários e pesquisadores tem buscado por procedimentos minimamente invasivos já oferecido na medicina humana.
Embora a cirurgia por vídeo-endoscopia tenha inaugurado uma nova era de cirurgia minimamente invasiva, exigindo apenas alguns pequenos cortes para completar grandes cirurgias, também trouxe novas limitações ao movimento do cirurgião na cavidade corporal, porque o equipamento endoscópico tradicional é limitado a movimentos rígidos.
As cirurgias endoscópicas assistidas por robótica acrescentam o benefício de movimentos circulares semelhantes aos do pulso.
Além da amplitude de movimento aprimorada, o sistema robótico daVinci™ oferece câmeras com maior visibilidade e o equipamento, filtra tremores nas mãos para ajudar o cirurgião a mover cada instrumento com maior precisão e também melhoram a visibilidade da cavidade corporal com telas 3D de alta resolução.
Infelizmente esses sistemas robóticos ainda são muito onerosos, a compra de um sistema cirúrgico daVinci™ custa em torno de US$ 2 milhões.
Imagem transoperatória
A fluoroscopia já é realidade no Brasil, e auxilia na visualização de estruturas, guiando a inserção de implantes e próteses no momento da intervenção cirúrgica, permitindo a checagem e ajustes imediatos quando necessário. A utilização da fluoroscopia também propiciou um grande avanço da radiologia intervencionista, em que mediante procedimentos minimamente invasivos, afecções vasculares complexas podem ser tratadas com mínima morbidade para o paciente.
Assim, a tecnologia é uma grande aliada do cirurgião e equipe cirúrgica no tratamento dos nossos pacientes.
Embora muitos recursos ainda não estejam disponíveis no Brasi, conhecê-los previamente à sua chegada faz com que possamos nos preparar, requisitar ou até desenvolver recursos semelhantes, além de podermos observar os resultados que estão acontecendo onde já são utilizados.
Por Rosangela Gebara e Claudia Inglez