Festa de fim de ano: Acidentes com animais - Vetsapiens

Os acidentes mais comuns durante as festas de final de ano

18 de dezembro de 2020
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Os acidentes mais comuns (e evitáveis) durante as festas de final de ano

Papel do veterinário é ser um educador sobre a saúde animal

Por Dr. Felipe Braz*

Apesar do ano atípico e das recomendações de distanciamento social por causa do novo coronavírus, esta é uma época comum de festas, reuniões de amigos e viagens em família. Em decorrência dessas festividades, comumente os consultórios veterinários registram emergências muito semelhantes entre si. Elas podem ser divididas em dois grandes grupos:

Traumas: (1) animais que fogem de casa e sofrem traumas por atropelamento; (2) pets que se assustam com fogos de artifício e fogem de seus lares.

Urgências clínicas causadas por intoxicações alimentares como ingestão de carnes gordurosas, chocolate, uvas-passas e até bebidas açucaradas e/ou alcoólicas.

Devido às diferenças regionais, não existem trabalhos comprovando as estatísticas entre os acidentes mais comuns, porém, na experiência ambulatorial, é observado um número bem alto de abdômen agudo em decorrência de imprudência alimentar (alimentos gordurosos e/ou tóxicos) entre os dias festivos de Natal e os quadros neurológicos (convulsões) de ano-novo.

Animais sozinhos

Muitas vezes, ao ficarem em casa sozinhos, os animais acabam se acidentando por medo e ansiedade, podendo ficar sem a nutrição adequada. É rotina do médico veterinário o atendimento de pacientes com diagnóstico prévio ou não de convulsão em decorrência dos fogos de artifício. No caso dos pacientes que viajam com seus tutores, vemos muitos casos de “heat stroke” (intermação), devido à exposição a altas temperaturas (período entre as 10 e 14 horas), desidratação no trajeto de viagens longas e, é claro, os acidentes por atropelamento.

É importante recomendar aos tutores que pesquisem muito a região aonde vão passar as férias, a fim de conhecerem os possíveis centros de atendimento veterinário para uma eventual emergência. É indicado, inclusive, que o médico veterinário programe o roteiro com a família, orientando os possíveis desafios que podem ser encontrados. As viagens sem a possibilidade de um resgate veterinário são arriscadas, principalmente para pets em faixa etária mais avançada.

Mas por que esses casos ocorrem mais nesta época do ano?

Boa parte dos acidentes ocorre por descuido, então a melhor forma de prevenir seria antever os possíveis problemas. Muitas vezes, durante a conversa de clínica, o que é falado não é absorvido como informação, então ferramentas lúdicas utilizadas para memorização são as cartilhas com recomendações básicas do que pode ser ingerido pelo pet e o que pode ser tóxico (lembrando que boa parte dos pratos festivos dessa época pode trazer sérias consequências para a saúde do animal).

Vale ressaltar também para o cliente que os animais possuem os sentidos muito mais apurados que um ser humano, então estímulos auditivos excessivos podem ser extremamente nocivos a eles.

Veterinário e o papel de educador de saúde

Todos os médicos veterinários devem ter um treinamento básico psicomotor para o atendimento de emergências. Dividimos o atendimento em suporte básico à vida e suporte avançado à vida. Pela legislação vigente, toda clínica veterinária e todos os profissionais inseridos nesse meio devem possuir o mínimo para manter um suporte básico à vida para, após a estabilização, encaminhar o paciente a um atendimento intensivo.

Nesta época, é comum o aumento de casos emergenciais por descuido humano e falta de orientação dos médicos veterinários. Esquecemos que boa parte dos nossos clientes é leiga e, partindo desse princípio, não deve saber como lidar e/ou o que pode ou não administrar a um animal. É nosso dever como médicos veterinários sermos educadores de saúde e orientarmos da melhor forma os clientes sobre como atuar em todas as etapas de desenvolvimento do pet, além de antever problemas oriundos de um transporte inadequado do animal.

 

*Dr. Felipe Braz é mestre em Saúde e Bem-Estar Animal, coordenador de Internação do VetGroup e colaborador do Vetsapiens

 

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